Why am I so emo?
Sinto-me extremamente sozinho. Em parte a culpa é minha,
porque sempre afastei as pessoas. Sempre tive uma barreira à minha volta que as
afasta; afasta-as de tal forma que quando a turma dispersa, acabo sozinho.
Quando escolhem equipas em educação física sou sempre o último a ser escolhido.
Mas o mais cómico é que as pessoas estão sempre a chamar-me, para me pedirem
coisas emprestadas, para perguntarem se o meu apelido é Vodka, para me perguntarem
porque é que venho vestido à Loft.
Sinto falta do meu melhor amigo do 9º ano. Ele
compreendia-me, estávamos sempre na casa um do outro, pensávamos da mesma
maneira, tínhamos aulas de guitarra juntos, tínhamos um grupo brutal de amigos,
bastava ligar-lhe e dizer que estava mal, e em 20 minutos ele já me estava a
apoiar, ou eu a ele. Foi a melhor pessoa que alguma vez esteve na minha vida. Antes
de o conhecer não era nada, era só mais um puto solitário rodeado de falsos
conhecidos. Assim que eu e o PN ficámos melhores amigos tudo se tornou
perfeito. Tinha o melhor amigo do universo, os
melhores amigos e amigas de sempre. Lembro-me de ter ido passar as férias
de Verão à casa dele para os lados de Castelo Branco, e de a mãe dele me ter
arranjado um quarto para dormir, lembro-me de recusar e perguntar se podia
dormir com o PN. Ficávamos na cama a contar histórias de terror um ao outro
para ver quem se assustava mais até adormecermos.
Tenho a certeza que se ele ainda estivesse ao meu lado, eu
não estaria assim.
Fuck, we were twins.
Mas no terceiro período do 9º ano aconteceu “todo o mal” e
ele deixou-me. Toda a gente me deixou. Desde então tenho tentado subir, mas
nunca consegui recuperar. A rejeição é dos piores sentimentos que se pode
experimentar.
No segundo período do 9º ano uma rapariga começou a gostar
do PN. E eu apaixonei-me por ela (não, não foi esse o motivo de nos termos
separado). O PN ao principio sentia uma atracão por ela, mas uma amiga dela
começou a falar com ele por msn e ele acabou por se apaixonar por essa. E eu
comecei a falar com a M. E ela começou a gostar de mim.
Lembro-me do primeiro encontro como se fosse ontem… Fomos até
ao mini almoçar e depois ficamos abancados no benga a conversar. Quando
voltamos para a escola – estávamos a atravessar o pátio principal – ela perguntou-me
“posso-te fazer passar uma vergonha?” eu respondi que sim, e ela beijou-me. Foi
a minha primeira namorada a sério e aquela de que gostei mais. Ainda hoje não a
consigo esquecer. Lembro-me dos intervalos passados no bloco F com ela, só nós
os dois, e lembro-me que chegávamos atrasados a todas as aulas. Ela era
inteligente e tinha o mesmo gosto musical que eu, compreendia-me, eu
considerava-a tipo a minha alma gémea. Era tudo o que eu precisava para ser
feliz. *Para quem é apologista da expressão “a felicidade está em ti mesmo” eu
respondo “mentira, a felicidade só é verdadeira quando partilhada”* Mas tal
como tudo o que é perfeito, durou pouco tempo. Três semanas para ser mais
exacto.
Nunca mais encontrei ninguém como ela.
Voltando à história da rejeição, tudo aconteceu porque eu
fiz merda, não vou dizer o que agora. Mas todos me deixaram. O que eu fiz não
foi nem de perto justificação para o que eles fizeram. E o PN devia ter ficado
lá para mim, para me apoiar. Acho que ele ficou tão confuso que acabou por
ficar do lado da maioria. Só sei que isso me estragou por dentro. Desde
esse dia tenho começado com as depressões
e com as tendências associais. Nada mais foi o mesmo. Acho que vocês só por
lerem o meu blog, me conhecem melhor do que as pessoas com que me dou actualmente.
Estupidamente só me sinto “de volta” quando bebo. Depois passa e volta tudo ao
mesmo, nada mudou.
Tenho saudades das pessoas que realmente marcaram de alguma
forma a minha vida e que foram embora. Pode parecer triste, mas às vezes penso
que a única presença constante que tenho na minha vida é a minha mãe. Tenho
saudades do PN e da M, e do resto de todos os meus amigos. Ainda hoje o vejo,
ele é da minha escola. Nestes dois anos que passaram as únicas palavras que trocámos
foram “tão, tudo bem?” – pergunta à qual nenhum de nós respondia.
Tive que seguir em frente, e não tive apoio nenhum, nenhum. A
única pessoa que ainda era minha amiga era o meu primo. Fiz 16 anos e
contei-lhe um segredo – ao meu primo – e pedi-lhe para não contar a ninguém. Ele
contou especificamente à pessoa a quem eu pedi para ele não contar, pelo que
levei porrada e ainda me roubaram no fim. Pedi ao meu primo para me ajudar a
recuperar as cenas e disse-lhe que o desculpava por ter aberto a boca. Ele
respondeu “Não tenho nada a ver com isso. Entende-te com quem te roubou, ou
tens medo dele?”. Depois de tudo o que passei esta merda deitou-me
completamente abaixo.
Tive que me esforçar para voltar a ter amigos, e mesmo assim
o meu actual melhor amigo não passa de um falso conhecido. Quantas
pessoas estão comigo? Provavelmente menos de 3.
Só quero voltar a ter um amigo.
Alguém com quem não precise de me armar em forte.
Alguém que não me chame paneleiro por chorar.
I don’t
live on Earth. My planet doesn’t have stars.