sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


A realidade dói mamã? 
Sim, muito.

Já à um dia ou dois que não escrevo aqui. Não tinha nada para dizer, e sou apologista da expressão “poucos mas bons”.
Prefiro às vezes não escrever do que escrever alguma porcaria só mesmo por escrever.

Boa tarde meus amigos, está aí a chegar o momento pelo qual todos aguardamos a semana inteira. O fim-de-semana. Sei que hoje vão ficar acordados até mais tarde e que amanhã vão acordar ao meio-dia. Pelo menos é o que me vai acontecer.
Isto de estar doente estraga-me os planos todos, não gosto de estar com amigos e constantemente a assoar-me. De minuto a minuto, e não estou a exagerar.
Mas pronto. É sexta-feira e estou razoavelmente feliz.



Hoje na primeira aula vimos um filme extremamente chocante. Chamava-se Bordertown. É sobre uma jornalista que vai ao México fazer uma reportagem sobre raparigas desaparecidas misteriosamente. Oficialmente disseram-lhe que havia 300 e tal mulheres assassinadas e 7000 desaparecidas. Ela descobriu que não tinham sido 300 e tal as mulheres assassinadas, mas sim 5000.
Chocante não é? Não muito se pensarem nisto como filme. Mas imensamente chocante se tiverem em conta que é um filme verídico. É assim no México, obrigam as raparigas a irem trabalhar para fábricas para pagarem as terras. Não lhes dão protecção no caminho fábrica-casa, e é neste percurso que muitas delas são violentamente assassinadas ou sexualmente molestadas. Quem são os assassinos? Maioritariamente homens ricos que subornam as autoridades mexicanas. É uma realidade nojenta.
Esses homens ricos subornaram o editor da Lauren (a jornalista) para não publicarem a história dela.
Nada mudou.

“No México, 33% das mulheres com mais de 15 anos sofrem de abuso sexual e violência. Esta violência é responsável por 40% dos suicídios das mulheres mexicanas. Nos últimos anos, 400 mulheres foram encontradas mortas – depois de violadas, estranguladas e mutiladas – na cidade Juárez. As autoridades pouco se esforçam por resolver estes crimes.”
Este excerto foi tirado de um site oficial de uma organização de Direitos Humanos e de Saúde Pública.
Chocante não é? E porque é que a polícia mostra tão pouco empenho a resolver estes crimes? Provavelmente porque lhes ameaçam as famílias ou porque os subornam. O mundo em que vivemos é uma merda, a única hipótese que temos é tentar não nos afogar-mos nela.

Aposto também que 400 é apenas uma pequena percentagem do número de mulheres que realmente foram assassinadas em Juárez. E isto apenas numa cidade. Imaginem pelo resto do México. Acho que é na a protecção destas mulheres (muitas delas só com 16 anos) que o estado devia investir dinheiro. Acho que as pessoas deviam ter a vida humana em maior conta. Imaginem se Lisboa fosse uma cidade como Juárez, em que por dia, uma jovem de 16 anos desaparecia e era encontrada dias depois no deserto enterrada, estrangulada e mutilada.
Felizmente Lisboa não é uma cidade como Juárez. Hey, guess what, o México não é assim tão longe, é só atravessar o Oceano.

Quem me dera poder fazer algo mais por estas mulheres do que simplesmente postar isto aqui, mas cada um faz o que pode. Muitas destas mulheres podiam ser salvas se houvesse um jornalista que descobrisse tudo, e  publicasse a história – onde denuncia as grades fábricas, e a violência a que sujeitam estas mulheres. Onde denunciam os políticos e os ricos, que as violam. E os condutores dos autocarros da fábrica, que as levam para o deserto de onde já não voltam a sair -, num país que tivesse economia e humanidade para poder fazer alguma coisa em relação a elas.

Juárez, a cidade que odeia as mulheres (uma entre muitas).







1 comentário:

  1. É mesmo horrivel o que eles fazem com raparigas com a minha idade ou pouco mais velhas que eu -.- a serio é deprimente...mas infelizmente pouco ou nada podemos fazer para impedir isto...os homens ricos têm demasiada influencia sobre o mundo fazem dele o que querem... :c

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